Moda inclusiva, fluida e étnica abre novas portas para mulheres que querem empreender com propósito
A moda pode ser definida pelo conjunto de opiniões, gostos, modos de agir, viver e sentir coletivos. E como toda coletividade é formada por individualidades diversas, a pluralidade é – ou deveria ser – um pilar essencial dessa forma de expressão. No entanto, ao longo dos séculos, essa indústria foi limitada por ideias estereotipadas e normas restritivas que ditavam seu público-alvo e alcance de acordo com gênero, padrões estéticos, idade, classe social e cultural, orientação sexual e etnia.
Mas, de alguns anos para cá, diante de tantos movimentos em direção à aceitação e celebração das identidades plurais na moda, cada vez mais pessoas estão explorando de maneira mais livre os diferentes aspectos de sua personalidade, o que vem gerando uma demanda cada vez mais crescente por uma moda plural, inclusiva, étnica e liberta de amarras sociais.
E é aí que uma nova oportunidade de mercado se apresenta, sobretudo para mulheres empreendedoras, que, em grande maioria, estão no setor de serviços, com destaque para as áreas de beleza e estética, bem-estar, alimentação e moda. As empresas lideradas por mulheres aparecem predominantemente no setor de serviços (58%), seguido pelo comércio (31%) e pela indústria (11%). Sendo assim, investir em nichos da moda inclusiva tem se mostrado uma oportunidade de empreender com assertividade e inovação.
Nichos da moda que estão em ascensão no mercado
Moda fluida - Cada vez mais consumidores estão comprando roupas que não se encaixam nas categorias tradicionais de gênero, inspirados por celebridades e designers pró-diversidade. Essa mudança está levando as marcas a considerarem como atender às expectativas desses consumidores. A mudança em direção à moda fluida em relação ao gênero é impulsionada por atitudes culturais e sociais em evolução em diferentes regiões e gerações, com muitas pessoas hoje vendo a identidade de gênero como um espectro em vez de uma categoria binária.
Moda inclusiva - O Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, segundo estimativas do IBGE, com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022. No entanto, o universo da moda ainda precisa aprender a desenvolver um olhar diferenciado para esse público, que não se sente representado. Mesmo quando alguma propaganda investe em PcD para atuar como modelo, dificilmente as roupas ou acessórios são feitas para a pessoa com deficiência (PcDs não são contempladas no desenvolvimento de coleções), pois poucas marcas investem nesse nicho, o que significa que há um potencial reprimido, praticamente inexplorado.
Moda étnica - O conceito de etnia é relacionado à antropologia, ciência que estuda o homem em todos os aspectos. É possível, então, entender parte da complexidade da moda étnica, que procura representar os elementos estéticos no vestuário de determinados grupos que compartilham o mesmo espaço territorial, linguagem, crenças, valores, hábitos culturais e saberes em geral. Quando é feita com ética, a moda étnica ajuda a nos reconhecermos dentro de um contexto.
Moda plus size - Como resultado do movimento “body positive”, que defende a relação positiva com os diferentes tipos de corpos, o que importa é ser quem se é e assumir a identidade e o corpo que se tem. O mercado de moda plus size está cada vez mais diversificado e as peças, mais sofisticadas. Isso porque há espaço para muito crescimento nesse nicho de mercado: além das mulheres, os homens, crianças, adolescentes, jovens e idosos têm demandas de produtos para todas as ocasiões.
Moda como reafirmação de ancestralidade
Ijiolá Motta, 37 anos, proprietária da marca Epahey Adornos Afro, começou a produzir brincos artesanalmente por prazer e desejo de reafirmar sua ancestralidade africana. “É muito interessante quando eu vejo as pessoas usando as peças e se sentindo representadas. Meu público é formado por pessoas de atitude, com identidade”, explica.
Segundo ela, o diferencial da marca é oferecer personalidade. “Não faço somente brincos grandes ou coloridos. As clientes se enxergam nas peças que estão comprando”, complementa, ela, afirmando que a moda plural é uma tendência que veio para ficar.
“Estamos avançando. Mostramos para os clientes o que é respeitar a diversidade. Eu vendo o mesmo brinco para homens e mulheres. Muitas pessoas perguntam se as peças são masculinas ou femininas. Eu respondo que elas não têm gênero. Assim, além de empreender, contribuímos para transformar o cenário”, afirma.
Neste processo, para Ijiolá, o Sebrae Delas foi decisivo na estruturação da sua empresa. “Foi através do Sebrae que eu consegui enxergar meu negócio como um negócio. Parei de agir como se fossem apenas peças para vender. Me ergui e disse: Eu tenho uma empresa maravilhosa! Eu levo autoestima para todas e todos”, finalizou.
Moda plus size para mulheres que valorizam modelagem e estilo
Fabiana Mollmann, 39 anos, sócia-responsável da Tudonas junto com a irmã, Juliana Mollmann, já trabalhava na área da moda quando empreendeu. Ela, que atuou com representação de estampas, aliou sua expertise no setor a uma lacuna percebida no mercado plus size.
“Eu tinha dificuldade de encontrar roupas mais tradicionais e atemporais feitas em tecido plano e com uma modelagem que vestisse bem meu corpo, me fizesse sentir bonita e representasse meu estilo. Eu uso 48, o GG da modelagem tradicional ficava apertada. Quando empreendi, percebi que as lojas voltadas ao público plus size tinham peças que não tinham nada a ver com meu estilo. Eu tinha muita dificuldade de encontrar roupas mais tradicionais e elegantes. Hoje atendemos muitas mulheres maduras, nosso maior foco”, explica.
Segundo dados da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), o mercado plus size movimentou, entre 2018 e 2019, por volta de R$ 7 bilhões. Esse percentual corresponde a cerca de 300 lojas físicas e 60 virtuais. A expectativa, segundo a associação, é de um crescimento de pelo menos 10% ao ano.
Para Fabiana, por trás desse potencial crescente de mercado está a moda com propósito. “O propósito é o norte da marca, que já migrou do MEI para o Simples. Agora, novas etapas surgiram e novamente estamos com o Sebrae. Abrimos o olhar para as tendências de mercado para o nosso público. Vejo uma crescente e fico feliz por essa inclusão, por termos roupas bonitas, modernas e elegantes para atender diferentes estilos, corpos e tamanhos. Nosso diferencial é uma boa cultura de relacionamento com acolhimento entre mulheres”, destaca ela.
Seja qual for o nicho, o Sebrae Delas apoia empreendedoras
As mudanças sociais criam novos nichos de mercado que refletem comportamentos e atraem empreendedoras para uma moda mais diversa e inclusiva.
O Sebrae Delas apoia a cultura empreendedora entre mulheres e oferece palestras, workshops, trilhas de capacitação e muito conteúdo para fortalecer o empreendedorismo feminino.
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